Que tipo de sustentabilidade queremos? Quais reflexões deveriam ser feitas a fim de que tenhamos a medida adequada ao equilíbrio entre ambiente, sociedade e economia?
Experiências modernas nos têm demonstrado que há uma polarização entre ativismo puro e simples contra desenvolvimento tecnocrata. Tomemos alguns exemplos: Como montaremos o quebra-cabeça criado pelo conceito de logística reversa constante na Política Nacional de Resíduos Sólidos? Não temos condições estruturais, em curto prazo, de implementá-la de forma que atenda à demanda da coleta urbana. Levando-se em consideração que nem mesmo o sistema de separação e triagem de recicláveis domésticos tem funcionado a contento, com uma boa parcela dos resíduos selecionados e prontos ao reciclo retornando ao mix aterrado, como se não houvesse valor agregado neles. É um claro sinal de que estamos colidindo a realidade com a legalidade e essa onda de impacto tem alcançado e arruinado a oportunidade de capitalização desses resíduos, resultando em perda de tempo, recursos e negócios. A simples necessidade de se formular a questão de como contornar tal problema nos dá a dimensão do atraso em que nos encontramos com relação ao que a lei nos orienta.
Um detalhe interessante ocorre quando analisamos órgãos que deveriam atender a uma mesma política de governo, a exemplo do INCRA x MMA. Recentemente o INCRA acionou judicialmente proprietários rurais que não haviam utilizado cerca de 50% de suas áreas, sob a acusação de improdutividade, por outro lado, o órgão ambiental celebra a redução do desmatamento de propriedades rurais. Quem tem razão? Particularmente temos a convicção de que o problema agrícola que temos nos deparado atualmente - e será uma maior componente para a produção alimentar nos próximos anos – pouco depende de maior área destinada à agricultura e está mais relacionada ao bom manejo de solos e boas práticas agropecuárias. No entanto permanece o antagonismo de diferentes setores governamentais, interessadas em visões segmentadas e compartimentadas de problemas que são por demais complexos para serem resolvidos unilateralmente.
Em tal cenário de desarticulação ambiental, organizacional, de saneamento e de planejamento no governo, como poderemos ser alçados a um futuro sustentável? Há realmente uma dificuldade em se conceituar a sustentabilidade, ou será este um caso de governança? Ficam as perguntas.
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